A vida é feita de caminhos bons e menos bons e este meu caminho através da literatura não tem sido fácil. Sempre gostei de escrever, especialmente poesia, mas nunca tive em mim a intenção de publicar. Hoje tenho oito livros editados ; poesia, contos, crónicas e o primeiro livro infantil que estará a publico a oito de agosto de 2021. Livro este que faz parte do concurso –Coleção Petizes Felizes- , sendo o número quatro da Coleção.
Este é o meu primeiro livro para crianças a ser publicado. Quando pensei em escrever este livro, não deixei de pensar em todas as diferentes idades, porque eu também queria escrever alguma coisa que fosse para todos, incluindo os pais. Ao mesmo tempo fiquei com receio de cair na possibilidade de um extremo oposto, de tal forma que fiquei quieta por algum tempo com estes textos na gaveta. Com o passar do tempo, fui associando a conduta dos meus netos com as atitudes do gatinho que cá tenho em casa, e que é extremamente engraçado, o Nino, e achei que as suas travessuras eram próprias de um animal curioso e que deveriam ser contadas. Aconteceu, que quando o encontrei, pensei que fosse fêmea, e por muito tempo, todos o chamavam de Nina. Claro que assim que descobri que era macho mudei-lhe o nome e, a partir daí, os meus netos dizem que este meu acto fez com que ele ficasse travesso. Foi um livro que me deu muito gozo escrever, pelo facto de as histórias serem verdadeiras, embora com alguma fantasia à mistura. Tentei que não fosse um livro demasiado fantasioso, não sei se consegui vencer todas essas dificuldades. O livro aqui está. É um livro que tem por figura principal um gato, que não fala, pois os gatos não têm essa capacidade, mas as suas atitudes levam-me a pensar nas palavras que ele diria se lhe fosse possível, humanamente, falar. Nesta oportunidade a Editora Tecto de Nuvens, agradou-se destes textos, e assim torna-os parte da colecção “Petizes Felizes!”, da qual faz parte a sua primeira publicação como Editora
Mas, também hoje recebi uma agradável surpresa!
Estou muito feliz e grata por ter conhecimento que o meu livro “OS DOIS LADOS DA MIGRAÇÃO” lhe foi atribuído a tradução.
A candidatura submetida à Linha de Apoio à Tradução e Edição 2021 mereceu acolhimento favorável por parte da Comissão Técnica responsável pela análise das propostas pela DGLAB e CAMÕES IP para a tradução em língua espanhola.
Escrever é fascinante e editar um livro é gratificante. É apresentar ao público leitor um filho nascido com nome e registo.
Já tive textos escolhidos e premiados e é um sentimento muito honroso. É sentir uma força redobrada.
As redes sociais são demasiado importantes nos dias que correm. Sou um pouco leiga no mexer destas modernices demasiado úteis. As inúmeras formas de divulgação ajudam a passar fronteiras.
Vivo longe da língua portuguesa e são as redes a minha alavanca, mesmo não sendo muito desembaraçada no assunto.
Viver fora de Portugal há mais de trinta anos e a mistura das línguas é uma barreira a ser ultrapassado dia a dia. Ser emigrante e escrever livros não é um caminho fácil porque sempre serei uma meia filha da nação. É o ser eternamente emigrante. É ter a influência gravada das cores e dos cheiros a urze, mimosas e rosmaninho das nossas serras, em tudo o que as minhas mãos tocam e deixam a silenciosa palavra saudade escrita. O público que está na pátria não nos conhece.
Ser o tal de emigrante é mais do que as estátuas que nos querem fazer, e se fazem por aí , e que muitas das vezes não dignificam os pássaros que um dia voaram para terras distantes.
Mas hoje recebi esta agradável surpresa, e posso dizer que tem valido a pena.
O objectivo desta colectânea é juntar alguns dos textos dos livros “Quando o sol deixa de brilhar” e “Ouro Azul – trajectos memórias e abraços” que fazem parte da minha vida e que trazem à luz um percurso migratório. Falam da vida que me moldou, mas que, ao mesmo tempo, também, me condicionou, não só a mim mas também aos meus irmãos, acabando por também todos eles emigrarem. São estas as experiências, as boas e as más, que eu quis retirar das duas obras, e trazer ao leitor em um conjunto de segmentos que se podem ler soltos. É interessante que ao escrever estes textos, percebi o quanto eles são parecidos às histórias de outros, sendo assim, passaram a não ser apenas a minha história, mas a minha e a de todos que saíram. A experiência de dar a conhecer a emigração tem sido de grande importância não só para mim, pela paixão que me nutre, mas também por quem tem lido e participado nestes testemunhos, sejam portugueses ou não, neste desfolhar de histórias
-Contemplar aquilo que ainda não enxergo é ver com os olhos do coração a beleza que pode vir a brotar em um sonho que ainda está além de se realizar. Gosto de olhar as possibilidades, deixando que a razão veja de fora para dentro, travando o que de menos bom existe ao redor destes tempos , a visão na vertical torna-me confiante que as possibilidades existem-. Ilda Pinto
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